terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Once Upon a Time e o Amor Verdadeiro



*** ALERTA DE SPOILER PARA QUEM NÃO VIU ONCE UPON A TIME ATÉ O FINAL DA 5ª TEMPORADA***


            Para você, o que é “Amor verdadeiro”? Anos atrás, na minha infância, e na de muitos que se recordam, amor verdadeiro era considerado apenas o amor entre um homem e uma mulher, o amor com cunho sexual propriamente dito. Mas de um tempo para cá isso mudou. Falando primeiro da versão original, temos “Valente” que fala da relação entre mãe e filha como foco principal, a princesa já não é mais a menina delicada, com voz doce e comportamento de donzela, ela é uma menina com cabelos vermelhos, cacheados e armados, que é boa com arco e que tem sonhos, medos, defeitos e virtudes, além de responsabilidades de realeza.
            Já em Frozen, o foco é o amor entre duas irmãs, quando, durante o filme é explicado que somente um ato de amor verdadeiro poderia salvar Anna de congelar seu coração, ela tenta o beijo do príncipe encantado, mas somente quando se sacrifica para salvar Elza, é que o feitiço é quebrado, o amor verdadeiro também é o que existe entre irmãs, o amor fraternal.
            Existem diversos outros filmes onde a história foco conta com princesas guerreiras como Pocahontas (que impede uma guerra), Mulan (que salva seu país de uma invasão), saindo do mundo das princesas, a referência no que se trata de filmes infantis falou sobre os novos formatos de família, com filmes como “Procurando Nemo” e “Procurando Dory”, onde é a relação entre pai e filho, e a relação de amizade o foco. A questão que quero falar aqui vai um pouco além das histórias originais da Disney, eu quero tocar também na questão das releituras.
            A rede ABC possui os direitos sobre uma série chamada “Once Upon a Time”, e a algumas semanas eu resolvi parar para assistir esta série, afinal me remetia a minha infância onde minha mãe me leu fazendo vozes e entonações adequadas, histórias como: Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve e os 7 anões, Bela Adormecida, A Bela e a Fera, Rumpelstiltskin (que sabe-se lá por quê, é a história que mais me chamava a atenção e que eu pedia para a mãe ler várias vezes).
            Bom, em Once Upon a Time, de forma resumida, os personagens de contos de fadas acabam vindo parar no nosso mundo por causa de uma maldição da Bruxa Má da história da Branca de Neve, a história num geral gira em torno deles, mas temos os coadjuvantes, e é neles que descobrimos o foco no mundo novo.
            Para começo de história, Branca de Neve é uma arqueira, e ladra, que passa a viver na floresta quando o caçador poupa sua vida. Ela conhece o Príncipe Encantado, que na verdade é um fazendeiro que substitui o irmão arrogante quando este morre durante uma luta, quando rouba uma joia de sua carruagem.
            Muita coisa acontece nesta história, mas eu quero falar daquilo que me deixou eufórica: princesas lésbicas. Na série, Mulan se apaixona pela Bela Adormecida, mas desiste de se declarar quando a princesa conta que está grávida. Temos Valente, que até a 5ª temporada não deixa claro, mas nos faz sentir que talvez o futuro dela, não seja ao lado de um príncipe, e o casal que surpreendeu e me deixou vendo corações, quando a Bruxa Má do Oeste (OZ) coloca Doroty na maldição do sono, acreditando que jamais poderia salvá-la pois a jovem tinha o amor de todo o seu povo, mas não o amor verdadeiro, e na verdade um dia antes dela cair na maldição, ela conheceu seu real amor, que só vamos ter a certeza quando a “lobinha”(é, para você que ainda não viu, outro spoiler: a Chapeuzinho É O lobo mau) aceita o que sente e arrisca, indo atrás de Doroty para tentar despertá-la da maldição que só pode ser quebrada com um beijo de “amor verdadeiro”.
            Sim, “família tradicional brasileira” tem duas mulheres se beijando na série que fala sobre contos infantis, a mesma série em que o beijo do amor verdadeiro que quebra feitiços é dado por uma mãe (Emma beija Henry):


Por uma mãe adotiva (Regina salva Henry da maldição):


Por um amor encantado(sim, aqui princesas podem salvar príncipes!):


E o meu favorito, o Amor Verdadeiro entre pessoas do mesmo gênero, Chapeuzinho Vermelho quebra a maldição do sono de Doroty (Oz), beijando-a:


E a fala que me faz suspirar...



Eu só espero que cada vez mais tenhamos novas visões do que é o amor verdadeiro, do que é o bonito, do que é construído como sonho... Vamos quebrar estereótipos e colorir o mundo, vamos mostrar o que ninguém quer ver... vamos amar sem julgar e lutar pelo que acreditamos, e para uma criança, filmes que ensinem que toda princesa pode e deve ser guerreira, com toda a certeza formará mulheres com sede de superar limites... 

Obrigada pela paciência, e boa noite!
Srta. Endres
24-01-2017