sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Precisamos falar sobre um filme… A Festa de Formatura!

Quando pensei em um título para este post, eu juro que não consegui pensar em mais nada além dessa frase, desse título de filme levemente alterado. Mas o motivo de escolha não importa, o que importa aqui é quem é o TAL FILME que me deixou a beira de um colapso nervoso.


Eu literalmente acabei AGORA de assistir um filme cujo o trailer eu vi a algumas semanas atrás e pensei: “Sério que isso vai mesmo rolar? Tipo de verdade?” e  sim, rolou… São 21h59 do dia 11 de dezembro de 2020, quando começo a escrever esse post e ele vai ficar longo mas honestamente eu não ligo pois preciso dividir isso com a posteridade - sei que vou voltar aqui daqui a uns 5, talvez 10 anos e reler tudo postado nesse blog, então olá Tammy do futuro, espero que não tenha parado de escrever, e se fez isso, você é uma idiota, se continua, espero que esteja feliz apesar do corpinho de 29 anos e disposição de 95 que você já tem na data de hoje.


Tá, já se foram 2 parágrafos e ainda nem comecei, então lá vai… Eu me chamo Tammy, tenho 29 anos, me assumi lésbica aos 18 anos (temos aí então 11 anos de estrada) quando estava no último ano do ensino médio, e foi uma das coisas mais difíceis que tive que fazer, foi doloroso mas esse não é o motivo da minha vinda aqui, deixaremos para outro dia esse drama que todo LGBTQI+ já passou, eu estou aqui hoje para falar do que todo adolescente gay quer, além de ser amado pela família e respeitado pela sociedade, mas talvez o mundo não esteja preparado para tanto brilho ainda, me refiro a segunda coisa com a qual todxs sonhamos: ser representados na mídia…


“Ah mas Tammy existem filmes gays” claro que existem, dramas, documentários, romances com atrizes que visivelmente não queriam estar beijando outras atrizes, “romances” que nos vulgarizam ou apenas sexualizam, histórias com fim trágico e que literalmente fode a vida das sapatão (e dos gays, mas sapatão é mais iludida). Nós crescemos assistindo comédias românticas heteros cheias de música, drama, adolescentes sofrendo, a nerd, a excluída, que no final descobre que o garoto popular é apaixonado por ela e blá blá blá(temos aí, High School Musical que não me deixa mentir)… Até o dia de hoje…(ou o dia que esse filme foi lançado, mas para mim importa o dia que eu vi)


Eu esperei 11 anos por esse momento, eu esperei por uma comédia romância lésbica desde o dia que me assumi, eu chorei (mais de 3x) eu ri, eu sou tão grata por alguém ter investido dinheiro em algo como uma comédia romântica para adolescentes lésbicas... Por favor assistam, se você é da comunidade assista para dar engajamento e incentivar que filmes assim sejam feitos (talvez não musicais para atingir o público que não curte musical), se você é mãe de um gay ou lésbica, ou suspeita que seu filho seja  - porque cá entre nós, sempre tá na cara, digo isso por experiência, olhando para meu passado - assista para entender de forma leve a dor, e o que seu filho ou filha quer, se você gosta de ver pessoas felizes, assista… se você gosta de música, assista... 


Pelo amor do que vocês acreditam, simplesmente ASSISTAM para que esse não seja o último, pois tem um peso gigante para nós da comunidade algo assim. Filmes de ativismo temos centenas, dramas então nem se fala, mas isso... esse filme... é mágico... é um filme estilo sessão da tarde, e isso é tudo o que eu e muitas garotas por aí sempre sonharam... é nós ali na tela, o nosso amor não sendo menosprezado, vulgarizado ou uma de nós morrendo, é AMOR, SIMPLES ASSIM… Então... ASSISTAM!


Esse filme foi a realização de um sonho, o sonho da Tammy de 15 anos que sabia que era diferente mas não entendia o porquê, da Tammy que ficava com meninos aos 17 porque todas as adolescentes de sua idade tinham namoradinhos e usavam maquiagem, então a sociedade e a família - sim se tem algum familiar meu lendo isso, você tem culpa na dor que senti, nem vem tirar o corpo fora, e não ter feito nada na época também é ter culpa - o sonho da menina que recebeu um suporte sobre sua sexualidade, de uma “estranha”, antes de saber O QUE OU QUEM ELA ERA, e que nunca teve a chance de agradecer (ainda não desisti, se você estudou no E.E.E.M Cristo Rei em São Leopoldo - a escola estadual, no bairro Cristo Rei - E souber o sobrenome da professora de literatura de 2007/2008, Luciane, uma mulher negra, não muito alta e com uma vibe maravilhosa que levava livros numa sacola para a turma ler durante a aula, me chama aqui ou em qualquer meio que o tenha trazido até aqui por favor, é importante)… 


Da menina que lutou contra o sentimento de amar outra menina pois o mundo dizia que era errado, e que no dia que decidiu enfrentar o mundo, pagou um preço caro… Esse filme é mais que um musical, esse filme é um ROMANCE LÉSBICO ADOLESCENTE SEM FINAL TRÁGICO… Sei que muitos odeiam musical, mas eu IMPLORO, abram seus corações assistam, se permitam, prestem atenção nas letras, deixem que elas toquem seus corações como tocaram o meu, e comemorem e gritem comigo no momento que cada lésbica que viu esse filme gritou, aplaudiu, ou sentiu aquela euforia gostosa no peito de alguma forma…(eu não sou sacana e não vou dar Spoiler)


Meu muito Obrigada a Netflix por algo tão especial que tratou com tanto carinho e delicadeza e… obrigada simplesmente… E se você chegou até aqui, e não ver o filme, você falhou como ser humano!


P.S.: Enquanto eu escrevia esse post eu botei o filme para rodar novamente para mostrar ao Netflix que tem público pois sim eu vou enaltecer um filme que sempre sonhei, e fala sério as músicas são vicianres...

Obrigada pela atenção e boa noite a todxs!



segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Hoje eu vim falar sobre saúde mental…

Temos por hábito, cuidar nossa alimentação (as vezes, claro), ter cuidado de comer frutas, verduras, beber muita água, fazer exercícios e coisas do tipo. Também vamos ao médico se estamos com alguma dor, um ferimento, para fazer revisões anuais ou para prevenir sustos futuros, mas tem uma coisa que negligenciamos com um frequência preocupante: nossa mente.


Quando falo em cuidar da mente, não me refiro a apenas descansar, falo de coisas que podem nos afetar sem que notemos, como crises de ansiedade que não nos deixam dormir, ou que nos metralham com pesadelos a noite inteira.


Já fazem algumas semanas, que dormir é cansativo para mim, que mesmo com o corpo no limite da exaustão, ao deitar tenho pesadelos que não me deixam descansar, e eu acordo ainda mais cansada e sem paciência, pois um sono desregulado não afeta só o foco e a atenção, ele mexe com todo o seu corpo.


Existem dezenas de formas de cuidar da nossa mente, mas acho que a mais importante para mim, sem dúvidas, é escrever… Quando estou lendo, escrevendo ou desenhando/pintando algo relacionado as minhas Fanfic’s, eu me sinto segura, como se tudo que está me deixando a beira de um colapso, fosse apenas uma brisa.


Perdi o emprego em virtude da pandemia, e hoje, 48 dias depois, mandando diariamente dezenas e dezenas de currículos para todas as áreas a qual tenho experiência ou certificação, o máximo que consegui foi apenas uma entrevista. As contas chegam, o stress aumenta, a TPM intensifica o que já está bem difícil, enquanto isso minha mente me desgasta, me derruba, enquanto externamente eu tento aparentar serenidade, força e otimismo.


É importante dizer que não há vergonha em não estar mentalmente bem, principalmente nos dias de hoje, onde abrimos a internet e recebemos uma chuva de notícias tristes, agressivas e atrasadas, onde começamos nossa manhã com atos de crueldade escancarados em todas as redes sociais, e passamos o dia tentando não trazer tudo isso para nós, para dentro de casa e para nossos relacionamentos.


Hoje eu serei bem sincera com vocês, estou esgotada… A vontade é de sentar no chão e ali ficar, sem fazer nada, sem dizer nada… Eu sei que desistir não adianta, mas eu estou exausta de verdade, quero entrar nos meus livros, entrar nas músicas infantis que escuto para fugir do fato de que estou completamente impotente diante de tudo o que está acontecendo nos meus dias. Aquele maldito sentimento de que não importa o quanto eu brigue e tente, nunca serei boa o bastante em nada, sempre faltará algo, meu esforço nunca será o suficiente…


O conselho de hoje é: se você também tem se sentido assim, procure apoio, você precisa de ajuda, mesmo que não saiba de que forma ser ajudado(a).


E se você conhece alguém que sofre de depressão, ansiedade, síndrome do pânico, ou qualquer outra doença dessa linha, se ofereça como ajuda (sejamos realistas, nós não iremos pedir), deixe a pessoa ser “infantil”, deixe a pessoa falar sozinha, dançar, construir coisas, ler, cantar e fazer seja lá o que faz ela feliz, pois esse pode ser o modo que ela encontrou de não entrar em colapso. O mundo está feio e assustador demais para você tirar a única coisa que impede esse alguém de se enfiar numa cama ou cair para o fundo do poço. Ah! E ficar repetindo que ela “precisa melhorar” não funciona viu, se funcionasse gravaríamos a frase e colocaríamos em loop na nossa playlist, na verdade essa frase só funciona para nos afundar mais e crescer nosso sentimento de impotência e inferioridade.


Cuidem de si mesmos e de quem vocês amam, cuide não só dos corpos mas da mente dessas pessoas, sejam versões melhores de si mesmos mas não se cobrem por perfeição, todos somos humanos e imensamente falhos, e é isso que nos torna reais.

sábado, 11 de julho de 2020

Youtubers Sapatônicas - Explorando o Vale


Saímos do Mês do Orgulho LGBTQI+ mas como nosso orgulho não dura apenas neste mês, hoje eu vim enaltecer um pouco as Youtubers LGBTQI+ que nos representam e fazem com que sejamos vistas nas mídias. O foco deste post, são as representantes da comunidade Lésbica, pois é o meio ao qual pertenço e tenho mais contato, mas se algum leitor quiser trazer artigos focando em cantores/influenciadores trans, gays, ou qualquer outra designação dentro da Comunidade, a página esta a disposição.


Não dá pra falar de conteúdo divertido, gay e jovem, sem falar dela, a rainha do Gay Panic, a Sapatão que nos deixa constrangidas muitas vezes, ela… Anna Júlia, mais conhecida como Anna Bagunceira, começou a carreira cantando, participou do The Voice, e hoje trás um conteúdo para agradar a comunidade gay, fãs de K-Pop, de séries e de games (temos aqui basicamente toda a comunidade sapatônica).



LINK: https://www.youtube.com/c/Annabagunceira/featured


No canal dela você vai encontrar de tudo, de forma aberta, com direito a piadas de duplo sentido e censura só em casos pesados demais. Os comentários nos vídeos são ótimos para encontrar novas dicas de séries lésbicas (farei um post específico sobre isso pra vocês). Visitem o casal e deem muita risada com a gaúcha apaixonada por animais e Sapatão com “S” maiúsculo.


Indo para uma linha “Sapa Disney”, temos a fofa Jazz B, Jéssica Ballut começou a falar “abertamente” de sua sexualidade recentemente, faz a linha mais discreta e tímida, seu canal é Family Friendly, então é perfeito pra toda família, inclusive crianças. Se você gosta do mundo da Disney e Hamilton, esse é o canal certo pra você, e a classificação de idade é livre. Quando esporadicamente Jazz fala algo ligado a comunidade LGBTQI+, não é nada pesado ou de cunho sexual.



LINK: https://www.youtube.com/user/itsjazzb


Quando ela faz vídeos com o pessoal, do Apto 202 é pura fofura (a Anna já entra nos quadros estilo “O neném não é neném” [você vai ter que assistir para entender, lamento]). E falando em Apto 202, esse é o canal onde tudo pode!


Quer falar palavrão? Fala, foda-se. Vamos falar de sapatão, de bi, de tudo? Vamo! As meninas falam sem papas na língua e sem rodeios os assuntos, é povo falando pro povo, Carol, Fe e Jullien nos fazem rir, dão conselhos e exploram o mundo sapatônico sem restrições, e rola vários “crossovers” com outras youtubers do vale(não sei escrever a forma como elas chamam esses encontros).



LINK: https://www.youtube.com/c/Apto202/featured


Outro canal que me divirto afu vendo os vídeos é o “Tá Entedida?” o nome por si só já deixa claro o objetivo do canal, mas segue a descrição apresentada pelo próprio canal:



LINK: https://www.youtube.com/channel/UCgdKcYSwtR9NXLHjX6qyIxw


“Somos um canal criado por duas mulheres lésbicas nos seus 30 e poucos anos. A gente fala de muita coisa, MUITA COISA MESMO. Coisa séria, coisa não tão séria e coisa que definitivamente é aquela bobagem que você tava precisando assistir e não sabia. Temos um BAITA orgulho da nossa orientação sexual e queremos ser o espaço que não tivemos na adolescência: um lugar seguro para conhecer e dividir experiências e descobertas com outros LGBTs. Aqui a gente ri da gente mesma e contamos histórias, muitas. A gente fala de vida, de relacionamento, de descoberta, de empoderamento, de auto aceitação, de preconceito, de signo, de superação, de sexualidade e principalmente de amor. A gente tem leveza, risadas e bom humor de sobra. Formamos, com muito orgulho, uma família de entendidas que se apoia e ajuda a gente a mudar o mundo a nossa volta. Seja muito bem vinde, pode maratonar a vontade e vem somar.”


Preciso falar algo mais? Tatiana e Yasmin vão te divertir muito, e isso é tudo o que você precisa saber, se inscreva no canal e aprecie, dê risada e se identifique com as histórias.


E a lista não tem fim, então eu trouxe as que eu assisto com mais frequência, mas segue outras dicas de canais da comunidade pra você explorar:


Canal das Bee

Louie Ponto

Põe na Roda


Um site com um resumo legal de outros canais que pertencem a comunidade LGBTQI+ é:


https://www.huffpostbrasil.com/2018/06/26/9-canais-lgbt-no-youtube-que-vao-expandir-a-sua-mente_a_23468772/


Espero que curtam os vídeos e explorem mais, valorizando o trabalho de quem tem coragem de parar em frente a uma câmera para nos representar com tanto orgulho.


Beijos e até a próxima.


segunda-feira, 29 de junho de 2020

O significado de quando um famoso se assume...

Estamos no mês do Orgulho LGBTQI+ (no finalzinho mas ainda no mês) e antes de iniciar essa conversa tão importante, vamos entender porque Junho é o mês mundial do Orgulho LGBTQI+?


O mês de junho foi escolhido por causa da Revolta de Stonewall, que nada mais foi que uma série de manifestações violentas de membros da comunidade LGBT contra uma invasão da polícia de Nova York que ocorreu na madrugada de 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village, em Nova York. A rebelião durou seis dias e é considerada um dos eventos de luta mais importante para a conquista de direitos igualitários e de criminalização de atos de preconceito em diversos países. 


Beleza, estando cientes disso, vamos ao que realmente interessa: Por que é tão importante quando um artista “se assume” homossexual? Esse post originou de uma discussão bem calorosa em uma postagem da página @filmografiafrases no instagram. A postagem em questão trazia a seguinte frase: “Amybeth McNulty, de Ann With an E, se assumiu Bissexual por meio de sua conta no Twitter” a legenda da foto com duas imagens da atriz, uma como sua personagem e outra enrolada em uma bandeira LGBT, era apenas: “Maravilhosa”. Até aí estava tudo lindo e perfeito, vomitando arco-íris… mas eu tive a brilhante ideia de ler os comentários… Por que ó Senhor? Eu não aprendo nunca…


A internet está cheia de cagador de moral e regras que se acham donos da verdade absoluta e que acreditam que apenas suas verdades são de fato válidas, e em um dos comentários a pessoa disse o seguinte:


“Acho essa palavra se “assumir” tão estranha. Ela apenas disse o que ela é. Ela não precisa se assumir. Não há culpa, não há erro, não há satisfação pra dar a sociedade. Assumir é apropriar-se de algo, tomar para si algo, exibir. Não quero problematizar com isso que falei. Apenas que a gente possa repensar sobre essas questões que de alguma forma são excludente, porque os LGBTQ+ precisam assumir algo? Parece que havia algo escondido e que de repente decidiu revelar.”


Muito lindo, muito madura e esclarecida essa pessoa, mas aí eu vou perguntar a vocês, numa boa mesmo… Primeiro: Agregou a alguém esse tipo de comentário? Imediatamente me veio a mente: “militante de apartamento que quer biscoito na internet”. Eu poderia ignorar esse comentário e apenas apreciar a imensidão de pessoas deixando corações no post ou dizendo a famosa frase “e choca um total de zero pessoas”... sim eu poderia… eu fiz isso? Claro que não né. Eis a minha resposta:

“Eu também me sentia incomodada, até que passei a pensar na palavra "Assumir" como uma forma de declarar para si mesmo sua condição e se aceitar... Quando eu me assumi, o ato de fazer isso foi meio que um divisor de águas entre eu sentir aquilo, e passar a me aceitar e me respeitar por aquilo, assumir para mim mesma que estava tudo bem e que eu estava bem... acho importante quando famosos fazem isso publicamente pois ajuda quem os acompanha a verem que está tudo bem…”


Depois disso rolou mais discussões e no final eu cansei e deixei a pessoa falando sozinha, mas não deixei de pensar. Eu tenho 28 anos… chegando aos 29 na verdade, e me assumi aos 18 anos, ou seja, uma década neste mundo assustador onde ainda não somos vistos com respeito como uma pessoa hétero.


Eu gosto quando um artista se assume, pois mostra a todos os fãs desse artista, independente de idade, que está tudo bem ser gay, lésbica, bissexual ou seja qual for sua identidade de gênero e sexualidade, e esse aprendizado pode servir para a pessoa começar a se aceitar, ou para quem viu seu ídolo se assumindo, ver que o amigo, o familiar que se assumiu, precisa de apoio e carinho.


O ato de se assumir é mais do que chegar e admitir algo, é dizer todos os dias para si mesmo e para o mundo: “Eu sou lésbica/bissexual/gay e me amo assim”. Vivemos em uma sociedade onde ser gay não é visto com bons olhos, onde eu não posso pegar a mão da minha esposa na rua ou dar um beijo nela, pois vão me olhar torto, me ameaçar ou algo pior. Eu como mulher lésbica vivo em uma sociedade onde durante uma entrevista de emprego em 99% das vezes me perguntam ao ver a aliança na minha mão: “O que seu marido faz?” e eu entro em um dilema interno que precisa ser resolvido em segundos, onde eu respondo: “minha esposa trabalha com x coisa” ou eu me refiro a minha companheira como sendo do gênero masculino. Em alguns casos até o nome do meu “marido” eles perguntam.


Responder essa pergunta em uma entrevista é difícil porque eu não sei se vou perder a vaga de emprego por não ter a qualificação necessária, ou por ser casada com uma mulher. Sou formada em pedagogia e mantenho minhas redes sociais fechadas por receio que algum pai veja meu perfil ou minhas fotos com minha mulher (que são poucas pois evitamos nos expor) e eu acabe perdendo o emprego, pois o preconceito ainda é enorme.


Uma das primeiras personagens da nova geração que eu acompanhei e que eu amo do fundo do meu coração, é a Alex Danvers, irmã da Supergirl na série da CW, que no início da 2ª temporada nos trouxe um pouco mais sobre o processo de se amar e se respeitar. No episódio 5 (Fogo Cruzado) aos 38:43 min ela fala para Maggie Sawyer que a conversa de ambas a fez pensar sobre ela, sobre a vida e os relacionamentos e o que ela sentia quanto a intimidade com os caras com quem se envolveu.


No episódio seguinte (ep. 6 da 2ª temp), aos 10:07 temos uma das cenas que mais me representou e me tocou, que foi os sentimentos expressados por Alex, do momento que “caiu a ficha” de que ela gostava de meninas e se assume para a irmã. Assistam a seguir:




Link para o canal do youtube de onde o vídeo foi tirado:

https://www.youtube.com/channel/UC8jG8NQz7ZHHI8hJVmKiANw


Esse episódio foi ao ar na TV em 2016, e no dia 08 de junho de 2020, a atriz que interpreta a Alex, a maravilhosa Chyler Leigh postou um comunicado em seu instagram com os seguintes dizeres:

TRADUÇÃO LIVRE: “Oi amigos. Hoje recebi uma manifestação de amor e apoio por me reconhecer e me amar como a pessoa que realmente sou. Uma vez que enfrentamos o nosso verdadeiro eu, podemos ver melhor o mundo ao nosso redor, bem como como podemos fazer uma mudança positiva e duradoura em prol da igualdade e do amor. Sou grato por ver com mais clareza, respirar um pouco mais fácil e tenho orgulho de contribuir com tudo em que acredito com um coração aberto e honesto. Enviando amor a todos”


Chyler, nossa eterna Lexipédia (Grey’s Anatomy) e Alex Danvers (Supergirl) se assumiu bissexual. Em algumas entrevistas ela contou como a personagem a ajudou a compreender esse tipo de sentimento, e quanto foi emocionante para ela, fazer a cena em que Alex se assume, o quanto aquelas palavras foram um alívio sobre o que ela mesma sentia. Chyler é casada desde 2002 e tem 3 filhos.


Eu posso dizer a todos, que não é fácil se assumir, que da medo, medo da rejeição, de que as pessoas não te olhem da mesma forma, que interpretem de forma equivocada suas ações, e fico imaginando o peso disso para alguém público como a Chyler… Uma parte da audiência de Supergirl abandonou a série depois que Alex se assumiu em 2016, muitas pessoas foram nas redes sociais ofender o programa, fazer ataques pesados a atriz… imagina se em 2016 quando foi ao ar, Chyler tivesse contado sobre si? Uma das coisas mais dolorosas de se assumir, é ver pessoas que você acreditou gostarem de você, virando as costas e se afastando, agora imaginem isso exposto para o mundo inteiro, com milhões de estranhos te julgando e te atacando… Imagine você perdendo oportunidades de emprego por que algumas emissoras não querem seus nomes vinculados a gays por medo do que a audiência vai achar…


Quando um ator/atriz ou qualquer celebridade vem a público e fala: “Sou gay”, “Sou lésbica”, “Sou trans” ou qualquer outra denominação da comunidade, esse é o momento em que devemos nos unir para bombardear essa pessoa de amor e carinho, porque o que esse alguém teve que enfrentar para dizer isso publicamente, tem um peso gigantesco, e todas as vidas que essa pessoa tocará ao se assumir, pode ser a salvação de alguém que estava prestes a desistir de tudo por se sentir um estranho… Ao ver seu ídolo se abrindo, se mostrando um de nós, nosso coração se aquece, pois passamos a ser representados na mídia, e caramba… representatividade importa demais!


Eu sei que nenhum artista vai ler esse post, mas se você que está lendo (partindo do pressuposto que alguém se dá ao trabalho de ler o que trago aqui) se você chegou a esse blog, e tem dúvidas sobre o que sente, pensa, se tem medo, vergonha ou acredita que não é bom o suficiente, queria que soubesse que você é sim importante e especial, independente de sua condição sexual, gênero ou etnia, você é perfeitx como é, e não está sozinhx.


Eu brinco que cada vez que um famoso se assume, uma fada nasce, e cabe a nós, sufocar essa fada de amor para que ela possa contaminar o mundo com sua coragem e verdade.


Seja você, a diferença no dia de alguém, o mundo é doloroso demais para deixarmos de vibrar cada vitória que temos, não perca seu tempo militando coisas sem nexo ou proferindo “lições de moral”. Você deve sim, sempre expor sua opinião, desde que ela não seja usada para ferir outra pessoa, e respeite o posicionamento do outro, mesmo que não concorde. Debater é diferente de julgar e acusar.


Antes de escrever sobre alguém, pense pra si mesmo: isso vai agregar a vida dessa pessoa? Vai agregar a minha vida? Se qualquer uma das respostas for não, desista. Coisas negativas não agregam, e apenas diminuem a alegria de muitos que encontram nas redes sociais, o acalento para dias sombrios.


Beijos e obrigada pela paciência,


Nos vemos em breve (eu prometo).



sexta-feira, 20 de março de 2020

O mundo esta doente...

Somos jovens e precisamos dar o devido valor ao que está acontecendo com o mundo, com o Brasil. Nos primeiros anúncios da doença, fizemos piadas, criamos memes… não fazemos por mal, o povo brasileiro faz piada com tudo não importa o quão arriscado e perigoso seja. Me afastei do blog por muito tempo, e seria hipocrisia dizer que não voltarei a fazer isso, porque... de boas? Eu vou sumir novamente SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, mas eu simplesmente não consigo deixar este momento passar sem falar, nem que seja pra mim mesma, mas eu preciso desabafar, talvez para meu eu do futuro...

Eu vi um povo tomado de ódio por um partido, entregar sua alma para alguém que tem em torturadores, um exemplo de pessoa.

Eu vi um povo acreditar em informações passadas via WhatsApp como verdades absolutas.

Vi um machista, homofóbico, racista, um homem visivelmente perigoso, assumir meu país.

Eu vi o ódio se espalhando pela internet como um vírus perigoso, atacando gays, negros, mulheres, ou qualquer um que não concordasse com seu ponto de vista.

Eu vi mulheres sendo diminuídas, vi o feminismo ser comparado ao nazismo com o xingamento “feminazi” e vi Marielle Franco ser assassinada por defender os esquecidos.

Eu vi um presidente brasileiro virar piada mundial, e um ex-presidente preso sem provas concretas, ser homenageado pelo mundo.

Vi as fake news vencerem uma eleição doentia onde o militar desequilibrado derrubou o professor, sem nunca ter debatido.

Eu vejo um país doente… Mas nem só de doenças, dores e vergonha vive o Brasil, acredite…

Vi um povo se unir para aplaudir os profissionais que estão se arriscando durante a quarentena, enquanto os sinos da igreja avisavam que era a hora dos profissionais da saúde serem homenageados.

Vi um povo fazer piada com o risco de uma 3ª Guerra Mundial, fazendo memes e pedindo para não serem mortos… os mesmos memes que acabaram no jornal internacional, e receberam de resposta um sorriso do jornalista local.

Vi jornalistas brasileiros se colocando a disposição para esclarecer o que era verdade e o que era mentira em meio ao mar de informações sobre o vírus que ataca o mundo.

Vi artistas de todos os cantos se aproximando mais de todos, estando tão distantes, em lives com o único objetivo de fazer companhia a quem está em isolamento.

Eu vi meu estado entrar em Estado de Calamidade Pública, e minha cidade decretar situação de emergência.

Vi alguns empresários respeitando a nova ordem de recolher, e vi pessoas se ajudando para manter quem está no grupo de risco, seguro.

Eu, com os meus 28 anos, já vi uma presidente sofrer um impeachment sem motivos, uma greve parar uma cidade, vi a violência ser legitimada pelo homem mais poderoso do país, o povo ser tomado por uma cegueira perigosa e coletiva, e agora estou vendo mais uma parte da história que estará nos livros do futuro.

O mundo parou. Países inteiros entraram em confinamento, aulas foram suspensas, artistas se recolheram ao isolamento, universidades disponibilizam cursos online para quem está em quarentena. A Terra está doente...

Dentro de casa, respeitando a quarentena por respeito aos demais, eu observo a movimentação nas redes sociais, e enquanto me encanto mais e mais por algumas pessoas, enquanto encontro novos ídolos que dão o exemplo e se mostram HUMANOS, eu me questiono em que momento da vida paramos de olhar para o outro e nos importarmos…

Não tenho certeza se consigo chegar a uma conclusão para este post, então vou fazer a única coisa que pode ser feita em meio a uma crise tão delicada quanto a que estamos vivendo, deixar uma pergunta para reflexão:

Quando você percebeu que o mundo estava doente e que você talvez não tenha feito o suficiente para salvá-lo, ou sequer tentado? As pessoas costumam dizer que sozinhas não podem fazer nada, mas esquecem do poder que tem. Não acredita? Experimente cantar parabéns em um restaurante, e veja o estabelecimento inteiro terminar a canção com você enquanto bate palmas. Se em menos de 30 segundos você consegue fazer um lugar com 150 estranhos cantar e aplaudir em uníssono, imagina o que faria se tentasse de verdade?

Obrigada e até a próxima.

Abraços.

Dragons.
20/03/2020