terça-feira, 19 de abril de 2022

Filmes lésbicos gostosinhos de assistir...

                 As vezes me pego pensando no quanto a comunidade LGBTQIA+ sofre de uma carência significativa de histórias, sejam filmes ou séries, que não terminem com a morte de um dos personagens do vale, ou com o cara (ou a mina) bi, casando com a pessoa do gênero oposto no final.

Com isso em mente, eu comecei a “caçar” de forma mais intensa os filmes e séries da comunidade, mas claro que como lésbica, meu foco foi para filmes com protagonismo lésbico/bissexual - é a minha área e posso julgar com mais propriedade - e sei que ainda tenho muuuuuito conteúdo para assistir, mas tem uns que me sinto na obrigação de falar agora - inclusive apaguei o post com dicas de filmes e séries pois vou repostar atualizado - então sem mais delongas, vamos ao conteúdo.

Vamos começar então com Christmas at The Ranch (2021):



Sabe aquele papo de “ah não existe comédia romântica clichê lésbica” existe amigos e amigas, a maioria é horrível, mas existe, e esse aqui esta na categoria “Iti malia”. De forma bem resumida, em “Christmas at the Ranch”, uma garota que cresceu em um rancho mas se mudou para São Franscisco quando os pais morreram, e estudou, se tornou uma mulher de sucesso (Haley), precisa voltar ao rancho para ajudar a salvá-lo da falência, e no seu retorno ela conhece Kate, a responsável por cuidar da fazenda, que tem um gênio tão forte quanto o dela e bate de frente com a “garota da cidade grande”. O resto vocês vão precisar assistir para saber, mas o filme se passa nas semanas que antecedem o Natal. O típico filme “sessão da tarde”.


Seguindo ainda nessa vibe natalina, temos Season of Love (2019):


Aqui você conhecerá um pouco da vida de 6 belas mulheres e os acontecimentos e experiências que elas vivenciam nos 4 dias que antecedem o Natal. Desde uma mulher deixada no altar, até o início de novos amores, esse filme para ficar ainda melhor, conta com uma atriz surda que faz com que todas nós tenhamos vontade de aprender ASL (a língua americana de sinais), mostrando a importância da representatividade sem forçar a barra ou se usar do capacitismo (ao meu ver). Uma das atrizes, é a protagonista de “Christmas at the Ranch” e sim, agora eu estou constantemente em busca dos trabalhos dela porque ela tem aquela carinha e aquele sorriso de “vou ferrar sua vida e você vai amar”. Laur Allen brilha nos dois filmes, e claro temos a nossa eterna Weaverly Earp, Dominic, fofa como sempre.

Ainda presa ao Natal, temos Happiest Season (ou “Alguém Avisa?”) (2020):


Apesar de ter uma problemática que segue colocando os gays em caixinhas, o filme nos trás algo que todos nós já passamos ou iremos passar (infelizmente) e basicamente conta sobre uma garota (Harper) que convida a namorada (Abby) para passar o Natal com a família dela, em outra cidade, e quando estão quase chegando, ela admite que os pais não sabem que ela gosta de mulher, e que elas terão que fingir que são apenas amigas durante o feriado, durante o processo, a família tenta empurrar Harper para o ex namorado, e uma ex dela acaba se aproximando de Abby - me desculpem mas eu acho que a Abby deveria ter ficado com a Riley, ou que dessem uma namoradinha para ela, e nada me tira isso da cabeça.

Saindo um pouco dessa linha Natal, temos o recém lançado Love, Classified (2022):


Uma escritora de sucesso (Emilia) volta para a cidade para cuidar da saúde e se reaproximar dos filhos (já adultos) enquanto eles tentam lidar com os próprios problemas. Taylor (proprietária de uma floricultura e filha de Emilia), acaba entrando em um app de Classificado, também usado para conhecer pessoas, marca com alguém e chegando lá, descobre que se trata de uma mulher (Dra Franki). Como boa comédia romântica, tem as dúvidas, os olhares, os sorrisos e… um sentimento fofo e bom de felicidade ao estilo “sessão da tarde”.

Para irmos nos encaminhando ao final, eu quero trazer a comédia romântica adolescente que eu queria ter quando era uma girina: Ellie e Abbie (e a tia morta de Ellie) (2020):


Um achado ao meu ver, o filme conta os medos, receios e dificuldades de uma aluna modelo ainda tentando se assumir (Ellie), que está apaixonada pela colega (Abbie) e quer convidá-la para ir ao baile da escola, mesmo sem saber como fazer isso, enquanto sua tia morta (no caso o fantasma da tia) aparece para tentar “ajudar”. Eu amei demais esse filme, de verdade, é gostoso, é adolescente, é reconfortante e sim emociona.

Não vou falar aqui de Imagine Eu & Você (2005) pois se você tem mais de 20 anos e ainda não viu, pode me devolver a carteirinha do vale, sério, na minha visão essa é a primeira e mais importante comédia romântica que existe, e mudou minha forma de ver o mundo.

Em resumo (que ironia eu falar isso depois de 821 palavras escritas) o que minha pesquisa mostrou, é que apesar do que acreditamos, temos sim comédias românticas lésbicas (todas que falei possuem final feliz, mas feliz de verdade), são poucas comparado com a quantidade hetero por aí, mas ainda existe. O problema é que a maioria desses filmes nunca chegam aos catálogos de streaming, e quando por algum milagre chegam, não são devidamente divulgados, e para ter acesso a esses conteúdos, precisamos revirar a internet, caçar listas, nomes, sites piratas por horas, além de depender de almas boas e abençoadas para legendar os filmes (todos os legenders vão para o céu).

Somos forçadas a consumir conteúdo pirata para ter o que consumir, e quem não consegue ler rápido, ou pessoas com deficiência visual, simplesmente ficam sem acesso a esses conteúdos, alerta de spoiler: existem lésbicas cegas que também gostariam de ter acesso a filmes que as representam!

Sei que nas próximas semanas teremos pelo menos mais 2 ou 3 lançamentos que aparentemente serão comédias românticas lésbicas, mas só depois de assistirmos para ter certeza se realmente teremos nosso final feliz. Por hora o que posso fazer é indicar lugares para encontrar filmes da comunidade, nesse caso recomendo que acompanhem no Insta/Twitter/Telegram e o que for, as páginas Les Bi Honest Br, Lesbocine, Lez Girl e no momento são essas que lembro. Graças a equipe Les Bi Honest eu consegui acesso a muito filme maravilhoso, ou seja, todos os indicados aqui.

Também recomendo pesquisarem sobre a Tello Films que produziram Season Of Love e Christmas at The Ranch, além de diversos outros filmes LGBTQ que ainda quero assistir mas novamente não tenho acesso nem sei inglês o suficiente para isso, mas se soubesse, assinaria esse streaming sem pensar duas vezes.


Por hoje chega, vejo vocês na próxima!




Por que não se fala em Gentleman Jack?

 


Por que a comunidade LGBTQ+ não tem falado de Gentleman Jack?

Uma noite, enquanto costurava, eu procurei algo para assistir, algo Gay para ser mais específica, algo Lésbico para ser ainda mais exata, e em uma constante busca em catálogos, com o objetivo de encontrar algo dublado e que pudesse ser visto enquanto eu continuava minha atividade manual, eu me deparei com Gentleman Jack, na HBO Max.


Claro que acompanhando canais de youtubers da Comunidade, ou como chamamos carinhosamente, do Vale, eu já tinha ouvido falar da série, mas por algum motivo, no meu subconsciente eu entendi que a premissa da história era completamente diferente da real, e consequentemente na época eu não tive o menor interesse em assistir - e como eu não sou exatamente uma fã de séries e filmes de época porque sapatão nunca é feliz, só iludida - eu abandonei a ideia, até a noite em questão.

A questão aqui é todos os meus e os seus pré-conceitos quando o assunto é filme/série de época caem por terra quando você assiste Gentleman Jack, começando pela quebra da quarta parede (que para quem não sabe, é quando o personagem conversa com o telespectador, como o Deadpool faz, ou a Enola Holmes). Isso por si só já trás outro ar para a série, e então você descobre que aquelas pessoas, existiram na vida real, que Anne Lister, a mulher que não podia amar outro sexo que não o seu, é considerada a primeira lésbica moderna da história, e a série é roteirizada através de um cuidadoso estudo histórico e dos diários por ela deixados. É como se um novo mundo se abrisse diante de nós.

A série tem uma trilha sonora dinâmica, você tem informação o tempo todo, não dá tempo se ficar entediado, as atrizes emanam química, talento, o roteiro vai para o extremo oposto de tudo que estamos acostumados para uma série de época, os figurinos são impecáveis, e a direção de fotografia… Caramba, como eu amo a fotografia dessa série. Gentleman Jack tem absolutamente tudo o que precisa para ser uma série de sucesso, mas uma coisa fundamental lhe falta: Divulgação merecida.

Sim, temos essa obra prima que conta a história da mulher que quebrou o sistema, que foi ela mesma em uma época que a mulher era para ser apenas a esposa que dá filhos e cuida da casa, a mulher que estudava, tudo queria saber, aprender e viver, e temos o problema que a série simplesmente não é bem divulgada, que pouco se trás das mídias, porque ainda há um receio por parte dos streaming’s de divulgar uma série com protagonista lésbica e perder público, enquanto outras se usam do queerbaiting exatamente para chegar a nós, pois consumimos muito conteúdo e de forma muito intensa. Queremos nos sentir representadas, então sim, muitas de nós passa horas caçando conteúdo, e pra fazer uma de nós assistir algo, coloca um casal gay, um olhar mais intenso entre duas mulheres, um sorriso, duas atrizes com química em cena, e pronto, nós mesmas fazemos o resto (sapatão raiz é movida a fanfic).

Então vou dizer só mais uma vez, se quisermos que esse tipo de produção continue existindo, precisamos dar audiência, movimentar rede social, divulgar, atormentar todos que conhecemos para que também assistam, para mostrar para as HBO Max, Netflix, Prime Vídeo e o que mais for, que se eles trouxerem, vamos assistir, vamos cuidar, vamos enaltecer. Vejam o exemplo de Wynonna Earp, que mesmo sendo de emissora tecnicamente pequena, criou um fandom tão intenso que dele se originaram eventos oficiais e anuais, ou The 100 que trouxe Clarke e Lexa em pouquissímos momentos, e mesmo assim delas nasceu a Clexacon que virou referência em evento da comunidade LGBTQIA+. Somos bons consumidores de conteúdo, e precisamos que o mundo veja, precisamos que o mundo veja Gentleman Jack, que se encantem com As Esposas como nós nos encantamos, vamos estremecer a internet no lançamento dessa segunda temporada que tanto foi sonhada e finalmente esta virando realidade!

E só para encerrar, já converteu algum Freddy hoje? Já trouxe alguém para o lado Jack da força? Se você não entendeu o que falei, vai assistir a série, e se sim, parabéns, é hora de ir além!

Obrigada por tudo e até a próxima!

19/04/2022