quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Dia que o Brasil Parou

       
           Eles conseguiram... conseguiram parar o estado. Comecei meu dia como todos os outros, levantei as 6h, me arrumei, tomei meu café, e segui para a parada onde passa a Rota, ônibus que leva os funcionários do grupo AtendeBem até a empresa. O horário para a passada da Rota era previsto para as 7h20. Eu e meu colega aguardávamos as 7h15 quando o motorista da nossa Rota, parou com seu carro na parada avisando: "Estou fazendo meu trajeto da rota para avisar pro pessoal que a Rota não vai passar hoje, os onibus não vão sair da garagem". Ok, não tem rota? Seguiremos para a estação de trem. No caminho (que por sinal é uma pela pernada) fui escutando as noticias no rádio, e passando as informações para meu colega.
           "A BR esta bloqueada na altura de Sapucaia em dois pontos. No desvio, para quem tenta seguir para São Leopoldo, fecharam a rua colocando fogo em pneus".
           Beleza, seguimos para a estação, com toda a coragem que nos cabia.
          "O trem esta sendo apedrejado na estação Mathias Velho, dois passageiros já foram feridos e a direção da Trensurb estuda a possibilidade de fechar a estação e não reabrir a noite. O Trensurb que estava programado para funcionar das 5h30 as 8h30 e das 17h30 as 20h30, planeja encerrar os trabalhos uma hora antes do previsto".
           Não tem problema, seguiremos ate a estação. Nessa altura eu já havia comunicado nossa Staff(auxiliar da supervisão) o que estava acontecendo, tanto da ausência da rota, quanto dos acontecimentos na estação. As noticias continuavam:
           "BR parada nos dois sentidos. Ninguém consegue circular, os ônibus não estão saindo das garagens e o único meio de transporte que segue funcionando é o Catamarã, barco que faz o transporte da Ilha para Capital"
           E lá seguíamos nós, dois andarilhos pelas ruas do bairro, completamente desertas. Academias estavam com a cortina de ferro fechadas ate a metade e homens que pareciam armários, parados na porta do lado de dentro. Parecia que estávamos em estado de guerra e que o toque de recolher havia sido tocado. Mercados estavam abertos mas com as grades fechadas. E a história acontecendo diante dos nossos olhos. O PAÍS parado com os protestos. Uma mescla de medo e adrenalina me tomando, vou poder dizer para meus filhos e netos que eu estive vendo isso tudo acontecer, que eu vi as ruas desertas e o medo dos ataques. Vi os ônibus de Porto-Alegre, parados. Na estação Fátima, as portas estavam fechadas. Ninguém entra mais. Já eras, sem trem e sem ônibus, ninguém sai de seu bairro, não aconselho a saírem de carro, se estão atacando ônibus e trem, acha mesmo que vai conseguir ir muito longe? E amigos, aproveite que seu dia será abonado, e tirem o dia para namorar, curtir, visitar os parentes(se morarem próximos a você, não queiram brincar de Superman e tentar furar os bloqueios). Eu sigo ouvindo os noticiários. Não se ouve barulho na rua, nem em feriados religiosos vi as ruas como estão hoje. Fechem os olhos e respirem fundo. estão sentindo esse cheiro? Isso, é cheiro de história... Juízo e um ótimo Dia Nacional de Lutas.

Abraços
Fuiii

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mercado Público Porto-Alegre

             


                A história entra em chamas. Na noite do dia 06 de julho de 2013 o fogo começa a dominar o segundo andar do Mercado Público de Porto-Alegre.
                Ao ver a noticia na tv, senti uma estranha angústia... uma inquietante vontade de chorar. Bobo? E, pode ser que sim. Mas como uma amante da história, ao ver o prédio histórico em chamas, mesmo sabendo que não haviam vitimas, doeu.
                Doeu em pensar nas centenas de funcionários que não vão poder retomar o trabalho depois de uma noite de descanso. Doeu em pensar nos donos dos restaurantes e lojas do Mercado, que perderam tudo que tinham. Doeu ver a história sendo destruída pelas chamas, sem piedade.
                O fogo não pede licença, não perdoa, ele destrói tudo que estiver em seu caminho, não distinguindo lixo de história. Chorei, não nego. Não tenho vergonha de chorar diante da dor e do desespero de quem perdeu o trabalho de uma vida, são lágrimas de solidariedade. Lágrimas de impotência por saber que sou inútil diante da fúria do fogo.
               O Mercado Público que nasceu em 1869 já sofreu 4 incêndios e passou por uma enchente até a data de hoje. São eles: a enchente de 41, e os incêndios de 1912, 1972, 1979 e agora o de 2013. Depois de aliviada a dor, é hora de erguer a cabeça e recomeçar. Gaúcho não desiste, nasceu para a luta e não será apenas mais uma queda que fará o nosso Mercado desistir de seguir tocando a vida do povo de Porto-Alegre e região. Logo as portas serão reabertas, voltaremos a nos deleitar nos restaurantes do segundo andar, voltaremos a saborear as cervejas e chopp's da banca 79 (que eu, particularmente, sou grande fã). Os Parceiros Voluntários reabrirão as portas, retornarão as campanhas de doação de órgãos (cujo qual, eu, como doadora, aconselho a todos que se inscrevam) e a vida e alegria voltará ao nosso Mercado, repleto de novidades, levando toda a cidade para seu interior e unindo todas as classes sociais harmoniosamente.
               Aos que não conhecem bem o local, deixo a dica. E um passeio que você certamente se recordará com carinho. Visitem o site   http://www.mercadopublico.com.br/    e saibam um pouco mais.

Abraços
Fui!!!