sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Precisamos falar sobre um filme… A Festa de Formatura!

Quando pensei em um título para este post, eu juro que não consegui pensar em mais nada além dessa frase, desse título de filme levemente alterado. Mas o motivo de escolha não importa, o que importa aqui é quem é o TAL FILME que me deixou a beira de um colapso nervoso.


Eu literalmente acabei AGORA de assistir um filme cujo o trailer eu vi a algumas semanas atrás e pensei: “Sério que isso vai mesmo rolar? Tipo de verdade?” e  sim, rolou… São 21h59 do dia 11 de dezembro de 2020, quando começo a escrever esse post e ele vai ficar longo mas honestamente eu não ligo pois preciso dividir isso com a posteridade - sei que vou voltar aqui daqui a uns 5, talvez 10 anos e reler tudo postado nesse blog, então olá Tammy do futuro, espero que não tenha parado de escrever, e se fez isso, você é uma idiota, se continua, espero que esteja feliz apesar do corpinho de 29 anos e disposição de 95 que você já tem na data de hoje.


Tá, já se foram 2 parágrafos e ainda nem comecei, então lá vai… Eu me chamo Tammy, tenho 29 anos, me assumi lésbica aos 18 anos (temos aí então 11 anos de estrada) quando estava no último ano do ensino médio, e foi uma das coisas mais difíceis que tive que fazer, foi doloroso mas esse não é o motivo da minha vinda aqui, deixaremos para outro dia esse drama que todo LGBTQI+ já passou, eu estou aqui hoje para falar do que todo adolescente gay quer, além de ser amado pela família e respeitado pela sociedade, mas talvez o mundo não esteja preparado para tanto brilho ainda, me refiro a segunda coisa com a qual todxs sonhamos: ser representados na mídia…


“Ah mas Tammy existem filmes gays” claro que existem, dramas, documentários, romances com atrizes que visivelmente não queriam estar beijando outras atrizes, “romances” que nos vulgarizam ou apenas sexualizam, histórias com fim trágico e que literalmente fode a vida das sapatão (e dos gays, mas sapatão é mais iludida). Nós crescemos assistindo comédias românticas heteros cheias de música, drama, adolescentes sofrendo, a nerd, a excluída, que no final descobre que o garoto popular é apaixonado por ela e blá blá blá(temos aí, High School Musical que não me deixa mentir)… Até o dia de hoje…(ou o dia que esse filme foi lançado, mas para mim importa o dia que eu vi)


Eu esperei 11 anos por esse momento, eu esperei por uma comédia romância lésbica desde o dia que me assumi, eu chorei (mais de 3x) eu ri, eu sou tão grata por alguém ter investido dinheiro em algo como uma comédia romântica para adolescentes lésbicas... Por favor assistam, se você é da comunidade assista para dar engajamento e incentivar que filmes assim sejam feitos (talvez não musicais para atingir o público que não curte musical), se você é mãe de um gay ou lésbica, ou suspeita que seu filho seja  - porque cá entre nós, sempre tá na cara, digo isso por experiência, olhando para meu passado - assista para entender de forma leve a dor, e o que seu filho ou filha quer, se você gosta de ver pessoas felizes, assista… se você gosta de música, assista... 


Pelo amor do que vocês acreditam, simplesmente ASSISTAM para que esse não seja o último, pois tem um peso gigante para nós da comunidade algo assim. Filmes de ativismo temos centenas, dramas então nem se fala, mas isso... esse filme... é mágico... é um filme estilo sessão da tarde, e isso é tudo o que eu e muitas garotas por aí sempre sonharam... é nós ali na tela, o nosso amor não sendo menosprezado, vulgarizado ou uma de nós morrendo, é AMOR, SIMPLES ASSIM… Então... ASSISTAM!


Esse filme foi a realização de um sonho, o sonho da Tammy de 15 anos que sabia que era diferente mas não entendia o porquê, da Tammy que ficava com meninos aos 17 porque todas as adolescentes de sua idade tinham namoradinhos e usavam maquiagem, então a sociedade e a família - sim se tem algum familiar meu lendo isso, você tem culpa na dor que senti, nem vem tirar o corpo fora, e não ter feito nada na época também é ter culpa - o sonho da menina que recebeu um suporte sobre sua sexualidade, de uma “estranha”, antes de saber O QUE OU QUEM ELA ERA, e que nunca teve a chance de agradecer (ainda não desisti, se você estudou no E.E.E.M Cristo Rei em São Leopoldo - a escola estadual, no bairro Cristo Rei - E souber o sobrenome da professora de literatura de 2007/2008, Luciane, uma mulher negra, não muito alta e com uma vibe maravilhosa que levava livros numa sacola para a turma ler durante a aula, me chama aqui ou em qualquer meio que o tenha trazido até aqui por favor, é importante)… 


Da menina que lutou contra o sentimento de amar outra menina pois o mundo dizia que era errado, e que no dia que decidiu enfrentar o mundo, pagou um preço caro… Esse filme é mais que um musical, esse filme é um ROMANCE LÉSBICO ADOLESCENTE SEM FINAL TRÁGICO… Sei que muitos odeiam musical, mas eu IMPLORO, abram seus corações assistam, se permitam, prestem atenção nas letras, deixem que elas toquem seus corações como tocaram o meu, e comemorem e gritem comigo no momento que cada lésbica que viu esse filme gritou, aplaudiu, ou sentiu aquela euforia gostosa no peito de alguma forma…(eu não sou sacana e não vou dar Spoiler)


Meu muito Obrigada a Netflix por algo tão especial que tratou com tanto carinho e delicadeza e… obrigada simplesmente… E se você chegou até aqui, e não ver o filme, você falhou como ser humano!


P.S.: Enquanto eu escrevia esse post eu botei o filme para rodar novamente para mostrar ao Netflix que tem público pois sim eu vou enaltecer um filme que sempre sonhei, e fala sério as músicas são vicianres...

Obrigada pela atenção e boa noite a todxs!